🌀 Tomei um Banho de Floresta

03/09/2025

Salve Expandidos!
Hoje quero contar como um enxaguante bucal me mostrou que eu estava em burnout (e por que fui parar no meio de uma floresta por causa disso).

Quem nunca se sentiu sobrecarregado no trabalho, irritado, cansado, com vontade de largar tudo? Muitas pessoas acreditam que o estresse faz parte da rotina profissional — e, em certa medida, ele pode até ser útil para nos manter atentos. Mas nem sempre aquilo que chamamos de “estresse” é apenas pressão do dia a dia. Muitas vezes, são sinais de algo mais sério: o burnout.

Na época, eu trabalhava como recepcionista em uma concessionária da Fiat. Entrava às 7h30 e saía às 18h. Mas, para mim, o mais difícil começava justamente a partir desse horário. Eu rezava para que nenhum cliente aparecesse em cima da hora, porque precisava sair correndo, pegar meu fusca, dirigir até em casa, tomar um banho rápido, comer qualquer coisa e andar seis quarteirões até o ponto de ônibus que me levaria à faculdade na cidade vizinha. Era uma viagem de uma hora e meia, e eu só voltava para casa depois da meia-noite… para no dia seguinte recomeçar tudo outra vez.

Um dia, voltando dessa maratona, entrei em casa exausto, com uma sacola do mercado na mão. Dentro dela havia apenas um enxaguante bucal. Eu estava tão no limite que o autocontrole já não existia. Num impulso, tirei a garrafa da sacola e a arremessei com força no chão. Ela explodiu, espalhando líquido verde por todo o quarto. Naquele instante, percebi: aquilo não era mais estresse. Eram os sintomas do burnout.

Anos depois, em Vitória (ES), minutos antes de uma palestra para 220 pessoas, senti a mesma pressão sufocante. Já havia feito mais de 3.000 voos a trabalho e não tinha tempo para mim. Faltando vinte minutos para começar, tudo o que eu queria era chorar, fugir, me esconder. Mais uma vez, era o burnout batendo à porta.

Mas afinal, Expandidos, o que é um surto de burnout?
É quando corpo e mente chegam ao limite após longos períodos de estresse, pressão e falta de descanso. É como se o seu sistema interno, acostumado a viver no “modo automático”, entrasse em pane e gritasse: “Chega, não aguento mais!”. Os sinais costumam ser claros:

  • Exaustão constante — você dorme, mas acorda cansado.

  • Dificuldade de concentração e lapsos de memória — até tarefas simples parecem complicadas.

  • Irritabilidade e impaciência — pequenas coisas tiram você do sério.

  • Sensação de ineficácia — nada parece suficiente, a motivação some.

  • Sintomas físicos — dores de cabeça, insônia, palpitações, problemas digestivos ou baixa imunidade.

O burnout não aparece de um dia para o outro. Ele vai se acumulando até que, de repente, explode em forma de surto. É o corpo e a mente pedindo, desesperadamente, por pausa e cuidado.

E o que vem depois do burnout? Dois caminhos se abrem:

  • Persistir no mesmo ciclo, ignorando os sinais, até que o “motor” pare de vez.

  • Transformar a dor em aprendizado, escolhendo reorganizar prioridades, aprender a dizer “não”, valorizar o descanso, buscar ajuda, cultivar hobbies e desenvolver foco e disciplina de maneira saudável.

Eu aprendi, da forma mais difícil, que o burnout pode ser um divisor de águas. Mas também descobri que não precisamos chegar ao extremo para mudar. Desenvolvi uma técnica simples que me ajuda a perceber quando estou entrando em estados mentais negativos — estresse, ansiedade, preocupação — e neutralizá-los antes que cresçam.

Funciona assim:

  1. Policie seus pensamentos: perceba quando está se perdendo em ansiedade, medo ou excesso de cobrança.

  2. Respire fundo: a respiração é como um remédio natural que acalma a mente e o corpo.

  3. Desconecte-se: desligue as telas, caminhe ao ar livre, olhe para o céu, sinta seu corpo. Isso devolve equilíbrio.

  4. Resignifique suas tarefas: ao invés de fazer no piloto automático, faça com presença e gratidão. Isso transforma peso em leveza.

  5. Busque a natureza: aprendi que um simples “banho de floresta”, prática japonesa de caminhar entre árvores, tem poder curativo, até mesmo sobre células cancerígenas, e recarrega nossa energia.

Foi depois dessas experiências que percebi: o burnout, apesar de doloroso, foi um chamado para expandir minha consciência. Ele me mostrou que não bastava correr atrás de resultados, era preciso olhar para dentro, reencontrar meu centro e reconstruir minha relação com o tempo, a mente e a vida.

Esse aprendizado se transformou em parte essencial do que compartilho em Expandidos, meu livro em que conto como cada crise pode se tornar um portal para um novo nível de clareza, foco e energia. A expansão não é luxo, é sobrevivência. Quando você expande a mente, aprende a cuidar da sua energia e descobre que a verdadeira vitória não é apenas conquistar mais, mas viver com mais equilíbrio, propósito e plenitude.

Se você já sentiu que estava no limite, saiba: existe um caminho de saída. E ele começa quando você escolhe expandir.

“A verdadeira expansão nasce quando transformamos cada pequeno passo em celebração, descobrindo no movimento constante o segredo da realização.” 

Trecho do livro Expandidos

Um Expandido entende que o verdadeiro poder não está em acumular tarefas, títulos ou conquistas, mas em aprender a respirar, pausar e alinhar sua energia. É no silêncio interior que nasce a clareza para agir no mundo exterior.

— Renato Alves

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